Parte 1 - O carrasco
Quando tu nasceste eu achei que não eras meu filho,
Tu não te parecias comigo,
Não havia nada meu em ti.
Fiquei com raiva, com vergonha.
Por mais que eu me esforçasse eu não conseguia gostar de ti.
Passei, então, a fazer de tudo para te destruir.
Tirei tua segurança,
Tirei tua estima,
Fiz-te trabalhar comigo para que, como aquele que prefere os inimigos próximos, pudesse manter os olhos em ti.
Explorei-te, dia a dia.
Quando tu tentavas te revoltar,
Rapidamente eu baixava tua crista: “Aqui é o meu lugar!!”.
Foi a deixa para eu te lançar ao mundo.
Pelado.
Sem dinheiro.
Sem moral.
Sem apoio.
Meu trabalho estava feito.
Você andou pelo mundo, deu muitas voltas.
Ganhou dinheiro,
Até mais que eu, tenho que confessar.
Hoje estou velho, fraco e doente,
Mas não quero seu perdão,
Não quero sua amizade e muito menos sua ajuda.
Só quero que você olhe bem no meu rosto e veja que,
Por mais que você cresça,
Eu sempre estarei nos seus piores pesadelos.

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