Texto: Sujeira
Você me vê de dentro do conforto do seu automóvel.
Conforto que eu não tive nem dentro do útero.
Você me repudia, me enxota, me escarra e passa as mãos frenéticas sobre os braços, como que se purificando da minha sujeira.
Você pensa que está a salvo dentro do seu carro, da sua casa, apartamento ou escritório.
Mas eu estou em todo o lugar, você me vê na tevê, da janela do seus olhos eu estou sempre a sua volta, esteja você onde estiver.
Eu não ligo para o que você acha razoável.
Eu quero a discórdia, eu quero emporcalhar tudo. Quero tornar tudo feio, tudo sujo.
Não adianta você tentar acabar comigo, eu me reproduzo muito rápido. Para cada um que morre outros tantos nascem nas filas dos hospitais, no meio da favela, no meio do lixo. O meu instinto é reproduzir vou vencer você quantitativamente.
Não quero sua ajuda, muito menos sua esmola. Quero sim, roubar seu dinheiro, seu carro, sua vida. Vou me deitar com sua filha, ela vai me levar para dentro da sua casa. Ela vai gostar de mim. Vai dizer que eu estou certo e não você que sempre fez tudo por ela.
E não adianta você querer me evitar, eu sou inevitável eu sou o seu destino. E quando você menos perceber, você vai estar aqui e eu dentro do seu carro.

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