quarta-feira, dezembro 01, 2010

Mensagem na garrafa - Para quem foi sem se despedir

Vai com Deus meu amigo.

Espero que encontres tudo o que procuras,

E se não encontrares que descubras pelo menos as pistas.

Não te preocupes comigo, estarei bem.


Wagner Alves

Desabafo: É só o que eu peço

Eu juro que eu não preciso que me ajudem.

Tudo bem eu até preciso,

Mas eu aguento.

Eu só queria era que parassem de me atrapalhar.

Poesia: Savana


Eu não espero que alguém me entenda, ou que tenha pena de mim.
Nem mesmo tente me confortar ou me agradar,
Pois nessas horas eu só quero é ficar sozinho
E almodiçoar a tudo e a todos.
Nem sei ao certo por qual motivo, apenas quero descarregar toda minha raiva.
Descarregar toda animalidade que tenho que conter,
Todo o desejo que tenho de me ajoelhar perante a carcaça do inimigo jaz morto
E de seu ferimento fatal retirar o sangue com o qual eu pintarei o meu rosto
E rugirei como um leão que satisfeito ruge para se sentir vivo.
Mas eu sou um cidadão e não posso ter instintos.
Pelo menos posso me recolher aos meus pensamentos e
Desejar todo mal que eu puder,
Mal dizer tudo que quiser,
Odiar com toda a força quem quer que seja,
Pois nesse momento em que sou totalmente incorreto sob muitos pontos de vista
Me sinto livre.
E rujo pela savana.

Wagner Alves

quinta-feira, julho 09, 2009

Melhores Discos: Dream Theater - Live At The Marquee


O disco Live at the Marquee é melhor registro ao vivo oficial do Dream Theater até os dias de hoje. Infelizmente esse disco contém apenas 6 músicas desse que deve ter sido o melhor show da turne européia de 93. Por outro lado existe uma série de discos piratas (bootlegs) que registram diversos shows dessa época. Discos como o Lost In The Sky e Taste The Memories se tornaram verdadeiras relíquias para os colecionadores.

O James estava em grande forma o que lhe permitia executar excelentes agudos rasgados a la Ian Gillan. A pegada do Petrucci era diferente seus bends soavam mais agressivos e até sua postura no palco era mais extrovertida. Quem o vê hoje parado no palco, se limitando a tocar perfeitamente, não imagina que ele já pulou e balançou a cabeça como um legítimo headbanger.

Mas a banda como um todo era mais espontânea. Solos de bateria, improvisações e arranjos de músicas de seriados. Todo show reservava uma surpresa.

Destaco nesse disco a inédita Bombay Vindaloo que é uma música instrumental fantástica, virtuosa e espontânea ao mesmo tempo, e a música Another Hand - The Killing Hand onde tudo é perfeito. A introdução simples que cresce criando uma tensão angustiante cheia de peso e viradas de bateria. A resolução acontece com um solo maravilhoso, simples para o padrão Petrucci (até eu toco esse solo), mas é justamente aí que reside sua beleza, na simplicidade e harmonia. Daí para frente o tom da música muda e o que vemos - ou melhor, ouvimos - é a melhor interpretação de James. Nunca mais ele conseguirá aqueles agudos.

Melhores Discos: Thriller

Esse é o primeiro de muitos discos que pretendo comentar. E nada mais oportuno que começar com o disco mais vendido da história. E o que falar desse disco?
Quem gosta de samba gosta desse disco;
Quem gosta de mpb gosta desse disco;
Quem gosta de disco music gosta desse disco;
Quem gosta de funk gosta desse disco;
Quem gosta de fusion gosta desse disco;
Quem gosta de jazz gosta desse disco;
Quem gosta de clássico gosta desse disco;
Quem gosta de rap gosta desse disco;
Quem gosta de pop gosta desse disco;
Quem gosta de R&B gosta desse disco.

E se você, como eu, gosta de rock 'n' roll, hard rock, heavy metal e afins, gosta desse disco.

quinta-feira, maio 28, 2009

Comunicação Empresarial

ATENÇÃO!
Os fatos abaixo relatados são verídicos. Nomes e locais foram alterados a fim de preservar a integridade dos envolvidos.

- Abu! Você sabe o ramal do Paulo? – pergunta Roberto quase cochichando.
Abu, ainda meio de ressaca em virtude da balada da noite anterior, responde de maneira inteligível. Roberto apenas consegue entender que se Abu sabe a resposta ela está em alguma área inacessível do seu cérebro nesse momento.
Começando a ficar preocupado, Roberto faz mais uma tentativa de descobrir o ramal do Paulo.
- Adam?
- Adam? – Roberto praticamente sussurra entre o som frenético dos teclados dos computadores – Adam?
- Quê? – responde Adamastor de mau humor após a conferência do resultado da loteria.
- Você sabe o ramal do Paulo?
- Quem é Paulo?
Roberto resolve deixar pra lá, nisso Adamastor carregando uma série volantes de loteria passa pela mesa de Roberto e dá a dica de procurar o tal Paulo na Intranet.
– Lógico. Como pude ser tão burro?
- Então, mas qual é o sobrenome do Paulo? Na Intranet tem a foto das pessoas, logo eu tento achar o cara. Vamos lá, PAU-LO. Buscar. 125 ocorrências? – agora Roberto ficou preocupado – O projeto depende de que eu fale com o Paulo. Se eu não conseguir vão dizer que sou incompetente. Não tem jeito. Vou ter que vasculhar os 125 Paulos. Se eu levar 30 segundos por registro em aproximadamente 1 hora eu termino, se o Paulo que eu procuro for o último da lista.
Meia hora e pelo menos 70 Paulos depois...
- Bom dia Roberto! – Exclama Edvaldo que chegara atrasado de novo.
- Bom dia Edvaldo. Quer dizer mais ou menos. Vem cá. Você sabe o ramal do Paulo?
- Paulo? – nesse momento Edvaldo olha consternado para Roberto – O... Paulo! Qual é o seu ramal? – Grita Edvaldo erguendo a cabeça por cima das baias.
- 2323 – responde Paulo duas baias a frente.
- Obrigado! – agradece Edvaldo – O ramal do Paulo é 2323. - Edvaldo segue seu caminho meio sem entender o que aconteceu.

quarta-feira, abril 01, 2009

Poesia: Caminho do Trabalho

Ninguém está morto,
Ninguém está morto aqui.
Ninguém morreu lá fora à porta da pizzaria.
Ninguém está morto no corredor,
Ninguém morreu de trabalhar tanto assim.
Ninguém está morto no cruzamento, nem na faixa de pedestres.
Ninguém morreu de amor por mim.
Ninguém está morto de raiva, nem de fome nem de cansaço.
Ninguém morreu por chegar ao fim?

quinta-feira, março 26, 2009

Parte 3 – A coitada

Eu sempre quis o melhor para você.
Dei tudo o que tinha,
Dei até o que não tinha,
O pouco que sabia tentei ensinar.
E como você me agradecia?
Com travessuras e molecagens.
Não foi por falta de surra, mas por falta de pulso.
Por favor, não me condene por isso.
Eu não tive culpa.
Eu não sabia como fazer.
Eu não sabia o que fazer.
Eu precisava de ajuda e você, mais do que ninguém, sabe que eu não a tinha.
Afinal, você sabe... (diminuindo o tom de voz)
Ele também está nos meus pesadelos. (cochichando)

Parte 2 – A inocência

O que mais me atraiu em você foi o fato de você ser tão desprezada quanto eu,
E como você parecia nem ligar para isso.
Com o tempo, eu soube que não era bem assim.
Você ligava e muito.
Os filhinhos de papai do colégio a chamavam de vagabunda.
Falavam: “Ela já rodou a banca.”
Ninguém via que você era a única coisa interessante ali,
O lírio que nascia no lodo.
Você me entendia sem tentar me mudar.
Eu, em contrapartida, a tratava com respeito,
Tentava ignorar os apelos sexuais que seu corpo emanava.
Tudo isso para você se sentir bem.
Éramos como crianças brincando na caixa de areia.
O tempo parava.
As tardes quentes de Janeiro, de papo pro ar,
Rindo de qualquer coisa,
Balançando na rede da lavanderia,
Sentindo a brisa de verão soprar leve e calmamente.
Eu sempre amei você, amo até hoje.
Amo porque você representa tudo de mais puro e tenro que já senti.
E é assim que gosto de me lembrar de você.

segunda-feira, março 23, 2009

Desabafo: Novela da vida real

Crianças de uma cidade do interior produzem e protagonizam um filme pornô que está disponível na internet. Essa matéria foi veiculada ontem no Fantástico. Isso soa bizarro? É o fim dos tempos?

A mim isso não espanta, pois uma criança irá imitar o que ela vê, o que ela tem como referência de moral seja em casa, na televisão ou na escola. Esses são os frutos do Brasil.

Esses são os frutos de uma sociedade de moral duvidosa, onde a cultura do Zé Povão é a que prevalece, onde acham bonito quando uma criança dança como a Mulher Melancia e uma criança estudiosa é chamada de C.D.F..

Esses são os frutos do Congresso Nacional e seus escândalos: caseiro, mensalão, castelo, mansão, cartão corporativo e etc.. Poderíamos ficar até amanhã falando de escândalos. Mas pra quê? O de ontem já foi esquecido e amanhã teremos um novo.

Esses são os frutos da televisão que ao invés de educar aliena. Novelas sem conteúdo. Programas de humor barato que colocam em seus quadros até atores de filmes pornô. Programas que são exibidos em horários onde as crianças ainda estão acordadas tratam de temas sexuais estúpidos e ridículos, mas para a cabeça de uma criança tem um efeito devastador. A cobertura jornalística sufocante, que torna um sequestro ou um assassinato em um show de horror ao vivo sob o título de novela da vida real.

Portanto, não nos espantemos com as cenas dos próximos capítulos.

quinta-feira, março 19, 2009

Parte 1 - O carrasco

Quando tu nasceste eu achei que não eras meu filho,
Tu não te parecias comigo,
Não havia nada meu em ti.
Fiquei com raiva, com vergonha.
Por mais que eu me esforçasse eu não conseguia gostar de ti.
Passei, então, a fazer de tudo para te destruir.
Tirei tua segurança,
Tirei tua estima,
Fiz-te trabalhar comigo para que, como aquele que prefere os inimigos próximos, pudesse manter os olhos em ti.
Explorei-te, dia a dia.
Quando tu tentavas te revoltar,
Rapidamente eu baixava tua crista: “Aqui é o meu lugar!!”.
Foi a deixa para eu te lançar ao mundo.
Pelado.
Sem dinheiro.
Sem moral.
Sem apoio.
Meu trabalho estava feito.


Você andou pelo mundo, deu muitas voltas.
Ganhou dinheiro,
Até mais que eu, tenho que confessar.
Hoje estou velho, fraco e doente,
Mas não quero seu perdão,
Não quero sua amizade e muito menos sua ajuda.
Só quero que você olhe bem no meu rosto e veja que,
Por mais que você cresça,
Eu sempre estarei nos seus piores pesadelos.